domingo, 21 de dezembro de 2008

A UTILIDADE DO RUÍDO


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"De todo o meu trabalho na gestão e na "autonomia da ordem industrial", considero as minhas ideias sobre a comunidade fabril auto-dirigida e sobre o trabalhador responsável como as mais importantes e as mais originais. Mas as administrações tendem a rejeitar essas ideias como uma "usurpação" das suas prerrogativas. E os sindicatos têm-se mostrado francamente hostis, pois estão convencidos de que precisam de um "patrão" visível e identificável que possa ser combatido como "o inimigo".

"Memórias de um economista" (Peter Drucker)


Drucker ficou impressionado com os níveis de produtividade e de qualidade alcançados na General Motors, durante a segunda grande guerra, quando, por falta de engenheiros e de supervisores, foi preciso recorrer a operários sem preparação e se verificou que a equipa chamou a si a responsabilidade da tarefa a cumprir.

Não sabemos é que parte representa o espírito patriótico nesse entusiasmo criador. Em condições normais, a produção depende mais da organização e das obrigações do que do idealismo e da boa vontade.

Nenhuma empresa pode funcionar sem um certo grau de previsibilidade e de certeza, coisas que o entusiasmo, como se sabe, não pode garantir.

Na posição das partes, cada uma a seu modo e com o seu "colorido", reflecte-se, pois, uma realidade da estática social, como diria Comte. O poder patronal resiste naturalmente a ver-se diminuído como quer que seja e os sindicatos, por sua vez, temem a complexidade como os crentes o diabo, visto que para terem alguma força precisam sobretudo de ideias aparentemente concretas, fortes e mobilizadoras.

Se algum dia o sistema económico fosse entendido como tal, com os papéis de cada um determinados estruturalmente, um novo artifício que não o do antagonismo das classes tinha de tornar-se a explicação comum.

Tal como as coisas se encontram, alguma dose de "ruído" é necessária para o contrato social parecer ainda válido.

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