terça-feira, 30 de dezembro de 2008

SE O ANIMAL ABANA A CABEÇA



"Ainda hoje, rigorosamente se cuida para que nenhum animal, aspergido pela libação, seja abatido se não tiver dado o seu acordo abanando a cabeça."

"Propos de table" (Plutarco, citado por Elias Canetti)


É isto uma anedota relatada por um pagão da decadência, logo, impregnado de algum cinismo, ou é uma perfeita metáfora política que esclarece a relação do povo com o poder?

Sabemos como as formas são importantes, embora elas sejam, para uma certa tradição, o sinal da inautenticidade ( a democracia formal, por exemplo). Respeitar a forma (quando o animal abana a cabeça), mas sabendo-se que não pode haver nenhuma identidade entre os motivos desse gesto e as suas consequências.

A única salvação para os "áugures" da política é que eles estão tão enganados quanto as vítimas do sacrifício.

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