"O Genji martelou estes e outros argumentos tanto quanto pôde, argumentos que não enunciarei, pois o facto de já ter mencionado alguns enche-me de confusão."
"O Romance do Genji" (Murasaki Shikibu)
A narradora refere-se à tentativa do Genji de apaziguar as preocupações do jovem imperador que sabe existir no reino um segredo perturbador da ordem do mundo (um monge disse-lhe, ainda na véspera, que ele era filho do Genji e não do falecido imperador). O Genji, não sabendo que ele sabe, explica que a desordem, na história, se deve muitas vezes à acção de "gentes perversas".
E é esta abordagem sumária que culpabiliza Murasaki. É que, segundo a ética do tempo, "os assuntos relativos à História e à governação não devem ser discutidos por uma mulher." (nota da tradução)
Podemos deduzir que ela não acredita nisso do facto de usar a paralipse, fazendo ao longo de todo o romance aquilo que lhe diz causar confusão.
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