terça-feira, 9 de dezembro de 2008

FALANSTÉRIOS VIRTUAIS



"A natureza, como ela faz com certos animais, com certas flores, em que os órgãos do amor estão tão mal colocados que quase nunca obtêm prazer, não os "estragou" no que respeita ao amor. Sem dúvida o amor não é para nenhum ser uma coisa absolutamente fácil, exigindo o encontro de seres que muitas vezes tomam caminhos diferentes. Mas para este ser para quem a natureza foi tão madrasta, a dificuldade é centuplicada."

"La Race des Tantes" (esboço de Marcel Proust)


Na versão definitiva este encontro quase milagroso, de Charlus e Jupien, é simbolizado pelas núpcias do insecto improvável e da orquídea exótica do pátio dos Guermantes.

Na sabedoria popular isso exprime-se pelo ditado de que há sempre um testo para cada panela. Pode ser verdade, por muito longe que estejam um do outro. Nos falanstérios de Fourier também se previam as combinações mais raras para corresponder à variedade infinita das preferências sexuais.

A era da informação torna possível que todos esses mundos separados entrem em contacto, com o resultado, provável, do amor perder os seus deuses e encontrar a perfeição da arte combinatória.

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