quarta-feira, 21 de maio de 2008

A TRASLADAÇÃO DO IMPÉRIO


O Capitólio em Washington


"Porque não foi apenas o império que foi transportado para os Estados Unidos: também os seus signos de triunfo, profanos e sagrados migraram. A cúpula de São Pedro de Roma renasce em 1863 por sobre o edifício governamental americano. O pedestal do Memorial Lincoln, construído em 1922, está inocentemente ornamentado pelas insígnias do poder executivo romano, os fasces, esses feixes de varas que, como se ensina aos miúdos do liceu, eram levados pelos lictores, uma espécie de escolta policial dos cônsules romanos. Quem não vê que os fantasmas dos lictores fazem parte desde 1917 do perfil da política externa americana?"

"Se a Europa Acordar" (Peter Sloterdijk)


A Europa, através da ideia do império, continuaria a projectar-se no mundo e a fornecer-lhe a chave de uma estratégia.

A longevidade do império romano, o seu poderio por tanto tempo incontestado, habitam todos os sonhos de dominação e não podem ser evitados como as primícias de uma organização mundial.

Claro que os seus "signos de triunfo" vivem uma segunda vida que nada tem a ver com a primeira. O espírito da política romana tornou-se um ornamento que empresta algum prestígio do passado aos novos dominadores.

Mas na medida em que não há verdadeiro poder sem prestígio, talvez que a transferência do império para o outro lado do Atlântico represente melhor uma certa ideia da Europa do que as frustrações dos eurocratas que apenas conheceram o vazio do pós-guerra e a "tenaz da Guerra Fria".

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