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"Aliás, insistindo assim diante de Albertine nesses protestos de frieza por ela, eu não fazia mais - por causa de uma circunstância e tendo em vista um fim particulares - do que tornar sensível, marcar com mais força, esse ritmo binário que adopta o amor em todos aqueles que duvidam demasiado deles próprios para crer que uma mulher possa alguma vez amá-los, e que eles próprios possam verdadeiramente amar."
"Sodome et Gomorrhe" (Marcel Proust)
E não o aproxima do amor próprio esta característica do amor, ideia tão ao gosto do romancista?
Do passado, feito mundo interior, saem todas as personagens da "Recherche" que só vivem porque o narrador converte esse amor de si em desejo de escrita.
O ser em conflito consigo mesmo, o esquizóide, não chega a amar pela desfocagem que provoca no objecto. São aqueles que estão na plenitude de si que procuram projectar-se no outro.
É verdade então que o amor é filho da riqueza e da abundância, como se lê no "Banquete". Mas a mesma doutrina diz que é igualmente filho da pobreza.
A riqueza faz crescer o sentimento da própria inutilidade.
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