"A resposta é a infidelidade da pergunta."
Maurice Blanchot
Até a pergunta que se repete a quem a não ouviu bem.
A lei do tempo faz-nos percorrer mundos entre um instante e outro, de tal modo que julgamos estar num lugar e já estamos noutro.
A pergunta nasce duma conjuntura "astronómica" que nunca mais se repete. Se quisermos subir à nascente, tudo nos desencaminha. Que milagre é então uma resposta que coincida com a pergunta!
A maior parte das vezes, as "naves" encontram-se num espaço forçado pela vontade: -Não era bem isso, mas está bem.
O pragmático, a esta altura, interrompe-nos, impaciente: - Vamos lá a ver, se eu fizer uma pergunta precisa, tenho o direito de esperar uma resposta concreta. Por que não haveria de ficar satisfeito? De que perguntas estamos a falar?
Não, evidentemente, das perguntas de um teste americano. Das outras, das que contêm já a resposta, mas como num cofre de que se perdeu a chave, das que querem perguntar outra coisa diferente da própria pergunta, das que não têm resposta...
Não é por acaso que Sócrates se refugiava nas perguntas.
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