Pode ver-se na Internet um UTube com o documentário da BBC "The Trap", sobre a grande mudança imprimida por algumas elites e alguns governos ocidentais ao modelo de sociedade, aparentemente, à margem da clássica dicotomia capitalismo/socialismo e reivindicando-se da objectividade da ciência, nem mais nem menos.
Esse modelo está baseado na teoria dos jogos do matemático John Nash (popularizado pelo filme "Uma Mente Brilhante") que teria transposto para essa ideia comportamental a sua própria esquizofrenia.
A Guerra Fria teria depois aplicado nas suas previsões dos lances do adversário a teoria de Nash. Daí, esta saltou para a economia e para a política, nos anos oitenta, com Margaret Thachter e outros.
Outra fonte de tal ideologia seria Friedrich Hayek, o nobel de economia e autor de "Road to Serfdom", que me parece abusivamente metido nesta galera.
Quais são os efeitos dessa aplicação da teoria dos jogos à economia e ao Estado? Podemos resumi-los numa palavra: o neoliberalismo.
A ideia central é que é mais útil para a sociedade partir do princípio que, em qualquer situação, é o interesse que move os indivíduos (incluindo, naturalmente, funcionários públicos e governantes), do que esperar deles comportamentos altruístas e desinteressados.
A vantagem desta escolha é que os interesses são programáveis e, até certo ponto, convertíveis em números. O dinheiro seria o tipo de controle mais eficiente e o mercado a informação mais fidedigna da vontade dos indivíduos. Mais, em qualquer caso, do que as urnas de voto.
Ora, não me parece que tudo isto seja absurdo ou explicável por qualquer teoria da conspiração.
O que é certo é que os homens reduzidos ao egoísmo e ao interesse próprio são, realmente, uma caricatura.
O que está aqui presente também é a ideia de que correspondendo à vontade da maioria, que se pressupõe ter aquelas motivações, não se ofende a democracia, e se alcança uma verdadeira gestão social. Ao suprimir, porém, todas as outras vontades, instala-se uma ditadura sem ditador e destrói-se o que de melhor há na espécie.
Como, pois, tornar mais humana a política e a economia se persistirmos na prioridade da eficiência, da informação e do controle?
É óbvio que os gestores e os economistas não podem ter a última palavra, Mas quem tem, de facto, sobretudo nas situações críticas, uma palavra com mais peso, quando a política se degradou ao estado em que a vemos?
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