sexta-feira, 2 de maio de 2008

O ENGATE PUBLICITÁRIO


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"Eis o paradoxo: a publicidade, que é estigmatizada por todos os quadrantes como instrumento de doutrinação, de matraqueamento ideológico, não se atribui os meios necessários a esse inculcar de doutrina. Nas suas formas avançadas, humorísticas, a publicidade não diz nada, diverte-se consigo própria: a verdadeira publicidade troça da publicidade, do sentido como do não-sentido, esvazia a dimensão da verdade, e é aí que está a sua força."

"A Era do Vazio" (Gilles Lipovetsky)


Se a publicidade fizesse como o aparelho de propaganda dos partidos, para quem a questão do sentido é imperativa e a verdade não pode ser problemática, não atingiria os seus objectivos.

Se a publicidade vende, é porque atravessa as nossas defesas ideológicas à procura da libido e do pré-racional.

Não nos infantiliza necessariamente, a não ser nas suas formas inferiores. Ela prostitui-se e torna venal tudo o que toca, no seu desígnio, felizmente quase sempre falhado, de se tornar cúmplice do nosso segredo.

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