terça-feira, 13 de maio de 2008

JUVENTUDE SEM JUVENTUDE



Baseado num conto de Mircea Eliade, o último filme de Coppola ("Youth without youth") é a história de Dominic Matei, um velho professor de Bucareste que, atingido por um raio ao atravessar a rua, recobra a sua juventude.

E é como se lhe fosse dada uma nova oportunidade de acabar a sua investigação sobre as origens da linguagem.

Laura, o seu grande amor, regressa do mundo dos mortos sob a forma de um avatar mediúnico que, nas suas crises, convoca línguas já desaparecidas, cada vez mais antigas. Mas esse esforço rouba-lhe a vida e Matei renuncia a essa busca obsessiva do conhecimento. Decide separar-se e regressar à sua terra natal, onde, no café Select encontra os velhos companheiros. Mas eles são incapazes de compreender que ele regresse do futuro. Matei abandona a reunião dos amigos e acaba por morrer no gelo da noite, com a sua verdadeira idade.

A moral da história poderia ser a de que o conhecimento traz consigo a morte e o fim das ilusões. Jovem, sem ser "de novo", Matei é afectado por tudo o que já sabe e pelo que deixou por fazer. É o amor que a certa altura lhe abre os olhos, pois verifica que se servia de Laura para os seus fins, em vez de a amar. A digressão pela religião da Índia sugere que a metempsicose poderia ser a chave dessa repetição do destino.

A mais simples explicação seria, contudo, considerar tudo um sonho. A personagem sonha com as suas obsessões e acorda no ponto em que estava quando adormeceu, transformado interiormente.

Esse é o modelo de Alice. O importante é que dentro do sonho, a vida do sonhador é avaliada através de apostas simuladas.

Matei aprendeu a renunciar e libertou-se da grande frustração da sua vida.

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