domingo, 25 de maio de 2008

ONDE HOUVER CÉU


Ao fundo, o Rijksmuseum
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"A ideia do nada não é própria da humanidade laboriosa: os que se afadigam não têm o tempo nem a vontade de pesar a sua poeira; resignam-se às durezas e às patetices da sorte; esperam: a esperança é uma virtude de escravos."

"Précis de décomposition" (Émil Cioran)


Comparo este desespero, este pensamento vencido, com o tom luminoso das palavras de Etty Hillesum.

Ela encontra os escravos naqueles que a perseguem. Por isso não há fel nem ódio no seu coração.

Mas crê, contra as provas (haverá outra crença verdadeira que não seja contra o que existe? O que existe não pede a crença, mas a submissão.), que não está tudo dito, que as forças para resistir e esperar as pode colher em toda a parte, na flor de jasmim da sua janela (de onde via o Rijksmuseum), como no baldio por detrás da sua barraca no campo de concentração de Westerbork.

Como ela diz: "Estamos em casa. Em todo o lado onde se estende o céu estamos em casa. Em todos os lugares da terra, estamos em casa, quando trazemos tudo dentro de nós."

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