terça-feira, 6 de maio de 2008

A NOITE PRÓSPERA DAS ILUSÕES


Emil Cioran (1911/1995)


"Se o homem inventa novas físicas, não é tanto para chegar a uma explicação válida da natureza do que para escapar ao aborrecimento do universo compreendido, habitual, vulgarmente irredutível ao qual ele atribui arbitrariamente tantas dimensões quanto os adjectivos que projecta sobre uma coisa inerte que estamos cansados de ver e de suportar como ela era vista e suportada pela estupidez dos nossos antepassados ou antecessores."

"Précis de décomposition" (Emil Cioran)


Para Cioran, o "segredo da vitalidade", a saúde do espírito estão nesta aventura contra o tédio, a que a lucidez fatalmente retiraria todo o sentido.

Mas podemos também acreditar que a lucidez é querer a aventura em vez do tédio e da morte.

A razão que se volta contra si mesma fica paralisada, deixa de servir, mas a vida continua, e é ela que tem os segredos da razão.

Noutro passo, Cioran repõe a justiça:

"as minhas verdades são os sofismas do meu entusiasmo ou da minha tristeza."

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