"Ora as recordações do amor não fazem excepção às leis gerais da memória, elas mesmas regidas pelas leis mais gerais do hábito. Como este tudo enfraquece, o que melhor nos lembra um ser, é justamente o que esquecemos (porque era insignificante e porque lhe deixámos assim toda a sua força)."
"À l'ombre des jeunes filles en fleurs" (Marcel Proust)
Diz-se que à medida que se envelhece se vive cada vez mais do (e no) passado. Proust, que não era velho, encerrou-se na literatura, só saindo desse casulo para obter um detalhe preciso (a decoração de uma mesa em determinada ocasião, o vestido que a sua amiga trazia noutra circunstância) que, por mais que escavasse, não atingia.
Essa experiência, ao mesmo tempo dolorosa e exaltante, deu-nos o mais precioso conhecimento sobre a maquinaria da nossa memória.
Através do seu romance, todos nos podemos transformar em espeleólogos do tempo.
1 comentários:
Que bom ter encontrado este blog! A Linguagem e a Memória. Mitologias. Barthes e Proust. E imagens magníficas. Voltarei com gosto!
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