Le Grand Hôtel de Cabourg (Balbec)
"De maneira que nós já não podíamos ter água quente porque Françoise se tinha tornado amiga daquele que a fazia aquecer."
"À l'ombre des jeunes filles en fleurs" (Marcel Proust)
No Grande Hotel de Balbec, a ex-criada da tia Leónia, uma camponesa com os traços da Velha França, como as figuras no pórtico da igreja românica a alguns quilómetros da praia, tinha feito amizades independentemente dos seus patrões.
E se antes de conhecer o homem que aquecia a água, era a primeira a barafustar contra o incómodo e a falta de competência, agora era o que se via.
Moral da história: se a água quente significa aqui a economia e as novas relações entre a criada e o encarregado do aquecimento são já do domínio político, temos nesta anedota o exemplo de que não há economia pura e de que o poder nem sempre está onde se julgava que estaria.
2 comentários:
talvez também se possa tirar outra moral da história: afinal o amor não aquece assim tanto tudo o que está à volta
Gostei muito do postal y rélatif!
Um apontamento que nos transporta para outro tempo. Neste tempo, os meandros do poder são muito mais complexos. Abç
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