"A Trilogia de Gorky"
de Mark Donskoi (1901/1981)
"Ganhando o meu pão" (1939-Mark Donskoi):
Uma velha que compreende a verdadeira poesia e que responde com uma canção triste sobre a mocidade perdida ao arroubo de Alexis diante do sol posto! Toda a sabedoria camponesa se incarna nesta avó que vê o barco partir e sente a morte próxima, exclamando: - nunca mais nos veremos.
Esta segurança filosófica vence o mundo das paixões: o velho condena a criança ao horizonte da sua morte, como esse sacristão da história que fazia tudo melhor, mas não tinha tempo para nada ( esse “serás tu capaz de conhecer a Rússia como eu conheço?” torna-se a pobre consolação dum homem que já não pode viver muito tempo), a babuchka, senhora de si, humilha-se perante os novos ricos, nessa casa onde “uma espessa névoa tornava as pessoas estúpidas”. Os conselhos vêm desta mulher, mãe e mestre sem severidade. Do cozinheiro que chora ao ouvir ler o “Tarass Bulba”. O pequeno Alexis enfrenta um submundo de criaturas grotescas que lhe querem mal por causa da sua rebeldia, da sua “missão”. Sempre que o seu orgulho selvagem é posto à prova, o futuro Gorki muda de vida. Encontra o amigo gordo da cozinha quando a situação de Cinderela não pode ser mais suportada, depois é o episódio dos pintores de ícones: que maravilhosa evocação a da leitura do poema satanista de Lermontov a esses artesãos do olhar religioso! Na despedida, oferecem-lhe uma miniatura do diabo improvisada quando da leitura.
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