terça-feira, 27 de fevereiro de 2007

GRAVIDADE REVOLUCIONÁRIA


Gabriel-François Doyen
Allégorie funéraire à Loustalot

"O redactor (de "Les Révolutions de Paris") não assinava. Quem assinava era o tipógrafo: Prud'homme. Este nome tornou-se um dos mais conhecidos do mundo.

(...) Loustalot, morto aos vinte e nove anos em 1790, era um rapaz sério, honesto e trabalhador. Medíocre escritor, mas grave, duma gravidade apaixonada, a sua originalidade real consistia em contrastar com a leviandade dos jornalistas do tempo. Sente-se na sua própria violência um esforço para ser justo. E o povo preferiu-o."

"História da Revolução Francesa" (Jules Michelet)


Aqui, a palavra grave revela o anacronismo. Vem da "gravitas" romana, povo que serviu de modelo aos revolucionários, como se sabe.

Loustalot era o bom senso possível, a coisa pior distribuída nos tumultos.

Michelet fala em moderação corajosa, com toda a propriedade, se nos lembrarmos que o bom senso e a moderação custaram, tantas vezes, a cabeça dos seus proponentes.

Mas quem se lembra de Loustalot? Do fanático e vicioso Marat, sim, de Robespierre ou de Mirabeau.

Os verdadeiros heróis estão condenados ao anonimato por não se distinguirem da massa dum povo.

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