Batalha de Maratona
"Sobre o que ela (a época) pensou a seu respeito, exprime-se com grande simplicidade o epitáfio escrito para o seu sepulcro: testemunha que a coisa mais alta que na sua vida realizou foi participar na batalha de Maratona."
"Paidéia" (Werner Jaeger)
No entanto, trata-se, nem mais nem menos do que Ésquilo, o grande trágico nascido em Eleusis.
"A criação da cultura ática popular do século V não provém da constituição nem do direito eleitoral, mas da vitória. É sobre ela que assenta a Atenas de Péricles, e não sobre a cultura aristocrática do velho estilo.
(...) Nos Atenienses destes decénios, a quem a forma poética da tragédia se dirigia, achamos qualquer coisa do alto voo e da poderosa força impulsionadora do espírito de Ésquilo, mas também a sua capacidade de renúncia, o seu comedimento e a sua reverência." (ibidem)
Ésquilo é o poeta duma vitória que não se podia atribuir a nenhuma classe em especial, mas a todo o povo. E foi preciso o desafio mortal representado pela invasão persa para criar essa consciência acima das divisões e dos interesses particulares.
O maior dos poetas "renunciou" de bom grado à glória literária para se sentir membro desse povo e "impregnado desse sentimento tão sublime, transpôs os abismos que separam os homens, pelo nascimento ou pela educação." (ibidem)
Esta refundação da cultura fez-se diante do perigo extremo. O que não nos mata torna-nos mais fortes (Nietzsche).
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