domingo, 4 de fevereiro de 2007

THE BEGIN OF BEGIN


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"A ética decide sobre a intencionalidade como sobre a liberdade; ser responsável, é ser responsável antes de toda a decisão. Há aí uma fuga, uma derrota, uma defecção da unidade da apercepção transcendental, tanto como há uma derrota da intencionalidade originária de todo o acto. Como se existisse qualquer coisa antes do começo: uma an-arquia. E isso quer dizer pôr-se em causa o sujeito como espontaneidade; eu não sou a origem de mim mesmo, não tenho a minha origem em mim."

"Dieu, la Mort et le Temps" (Émmanuel Lévinas)


Que não somos a origem de nós mesmo, que estamos longe de ser apenas a unidade consciente, é o que a psicanálise nos vem propondo de há muito, dispensando a hipótese metafísica a favor duma linguística.

E aquela ideia duma responsabilidade sem intenção, nem liberdade, antes mesmo de decidirmos, põe em causa a própria possibilidade da ética, tanto como a psicanálise, se fizesse lei, impediria a justiça "terrena".

Uma origem antes do começo é a questão filosófica por excelência, que está tão acima da sala do tribunal, como da polícia moral.

E quase podemos admitir que a resposta a essa pergunta é independente dos dilemas duma razão prática.

Mas em que plano se pode então interrogar a esfinge?

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