sexta-feira, 2 de fevereiro de 2007

A EVIDÊNCIA PENHORADA


un augure en train de scruter le ciel - bronze -
[Louvre.edu]


"As predições do futuro nunca são outra coisa que projecções dos processos e procedimentos automáticos do presente, quer dizer, de ocorrências que são prováveis se os homens não actuarem e se nada de inesperado acontecer; cada acção, para o melhor e para o pior, e cada acidente destrói necessariamente todo o padrão em cujo quadro se move a predição e em que ela encontra a sua evidência."

"On violence" (Hannah Arendt)


O resultado prático desta filosofia é o mesmo que se verifica no provérbio: "O homem põe e Deus dispõe."

E assim, nesta questão primordial com que se confronta tanto o particular quanto o político, no desejo de controlarem as suas vidas ou as suas acções, e que levou no passado os homens a examinarem as vísceras das aves ou a interpretarem as pretensas leis da História, o mais longe que foi possível ao pensamento chegar deixa-nos tão adiantados quanto a sabedoria tradicional.

Claro que esta situação não postula a transcendência, porque basta imaginarmos um sistema tão aberto que tudo o que nele aconteça pareça aleatório, de acordo, aliás, com a noção dos quanta.

Mas poderemos ainda chamar a esta falência do sujeito de materialismo?

0 comentários: