"Clara não tinha paciência para a desgraça."
Esta citação de um romance de Isabel Allende intriga-me por causa do emprego da palavra paciência naquele contexto.
Porque a desgraça que nos atinge suporta-se melhor se formos pacientes (sofredores); se for a dos outros, damos prova de egoísmo e de insensibilidade.
Mas talvez a personagem não seja razoável nem generosa.
Verifico, contudo, que hoje muitas pessoas declaram ter esgotado a paciência a propósito de tudo e de nada. Tanto pode ser a televisão ou a publicidade como o discurso de um político ou de um sindicalista.
E eu vejo aqui o individualismo triunfante que se tranca contra o que considera as invasões da sua privacidade pelos peditórios e os vendedores de enciclopédias.
O problema é que até a própria solicitação política é cada vez mais vista dessa maneira.
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