quinta-feira, 30 de setembro de 2010
A IDEIA
quarta-feira, 29 de setembro de 2010
PASTORES E PESCADORES
O Antigo Testamento ama os pastores; o Novo, pelo contrário, prefere os pescadores. Jacob, Moisés, David, conduziram rebanhos; os apóstolos de Jesus lançam redes.”
terça-feira, 28 de setembro de 2010
LUZ DE INVERNO
segunda-feira, 27 de setembro de 2010
O ANEL DA INJUSTIÇA

Platão
domingo, 26 de setembro de 2010
A VIRTUDE E O VÍCIO

“Estes caminhos da sorte são enigmas da Providência que não nos cabe desvelar, mas que não devem nunca seduzir-nos; a prosperidade do mau é apenas uma prova a que a providência nos submete, ela é como o raio cuja luz enganadora embeleza só por um instante a atmosfera para precipitar nos abismos da morte o infeliz que ela deslumbra…”
“Les Infortunes de la Virtu” (Marquês de Sade)
É Juliette, a irmã viciosa, reflectindo sobre o seu destino e que parece dar o “justo” valor à sorte que a tem favorecido, quando comparada com a espécie de perseguição de que é vítima Justine, apesar da sua virtude inflexível.
Nesta fase da obra de Sade, a teologia ainda vem salvar a justiça no sentido cristão, porque a condenação eterna espera a pecadora e a reparação e a glória a boa irmã que sofre pela própria inocência, como Job.
Juliette não tem a desculpa de se ter deixado seduzir pela luz da tempestade. Ela é o anjo caído que desafia o poder divino. Não é o prazer que lhe interessa (aliás cada vez mais sujeito à lei da apatia pela sua extensão), mas o Mal, isto é, o ressentimento infantil em relação a Deus que ditou a sua Queda.
sábado, 25 de setembro de 2010
O RESPEITO DAS FORMAS

A Conjura de Catilina
“Barère – Sim, vai, Saint-Just, tece os teus períodos, que cada vírgula seja um golpe de sabre, cada ponto uma cabeça cortada.
Saint-Just – É preciso que a Convenção decrete que o Tribunal deve continuar o processo sem interrupção, e que todo o acusado que faltar ao respeito do tribunal ou provocar distúrbios será excluído dos debates.
Barère – Tu tens o instinto revolucionário, isso soa muito moderado e, no entanto, produzirá o seu efeito. Eles não podem ficar calados, é preciso que Danton grite.
Saint-Just – Conto com o vosso apoio. Há gente na Convenção que está tão doente como Danton. E que receiam o mesmo tratamento. Vão recobrar coragem, vão clamar contra a violação de procedimento.
Barère – interrompendo-o: Vou-vos dizer: em Roma, o cônsul que descobriu a conjura de Catilina e puniu imediatamente de morte os culpados foi acusado de violar o procedimento. Quem eram os acusados?”
“La mort de Danton” (Georg Büchner)
A conspiração de Catilina ( o assassinato de Cícero ocorreria a 7 de Novembro AC) era real e punha em perigo o Estado romano. Os culpados foram denunciados e punidos pelo próprio Cícero, mas as “formas” não foram respeitadas.
Os advogados girondinos tinham muitos argumentos desse género contra o partido de Robespierre. A vontade de oposição serve-se de todos os apoios, como o alpinista de todos os acidentes da escarpa para alcançar o cume.
O respeito da forma pela forma parece estúpido (é como não atravessar com o sinal vermelho quando não há carros à vista). Se os girondinos estivessem dispostos a acompanhar a passada da Montanha, as formas teriam sido ignoradas.
Porque as boas formas existem para salvar a paz e assegurar a justiça, e estas estão sempre em causa quando não há acordo.
sexta-feira, 24 de setembro de 2010
VIAGENS

“O velho substantivo inglês ‘travel’ (no sentido de uma jornada) era originalmente a mesma palavra que ‘travail’ (significando ‘preocupação’, ‘trabalho’ ou ‘tormento’). E a palavra ‘travail’, por sua vez, parece ter derivado, através do Francês, da palavra do Latim Popular ou Românico Comum ‘tripalium’ que designava um instrumento de tortura de três estacas. Fazer uma jornada (‘to travail’), ou (mais tarde) viajar (travel) – era por isso qualquer coisa de laborioso ou de preocupante.”
“The Image” (Daniel Boorstin)
Por isso, as únicas viagens, segundo a etimologia, são as viagens cansativas e arriscadas, em que podemos comprometer a saúde e até a vida.
Antes de surgir o turismo constituíam, aliás, um fenómeno muito raro. Um inglês, como Arthur Young, viajando durante um dia numa estrada importante fora de Paris, admirava-se de não “encontrar uma única carruagem de ‘gentleman’, nem, na estrada, qualquer coisa que se parecesse com um ‘gentleman’.” (ibidem)
Evidentemente que hoje a aventura continua a ser um dos maiores atractivos de uma viagem, mesmo quando o programa está todo seguro e empacotado. A aventura não é mais do que um programa dentro do programa.
Não podemos, porém, ver nesta evolução a perda de uma qualquer “arte de viajar”, porque ela é, antes de mais, um sinal do progresso e da democratização. Não é justo esperar que o turismo de massa produza um Marco Polo ou um Livingston.
Mas haverá sempre uns poucos para quem viajar será algo como desafiar o destino e suportar em espírito de missão os rigores do “tripalium”.