Cena do "Paraíso" (Gustave Doré)
Gustave Doré, ao ilustrar as ideias de perfeição, de beleza e de paz da terceira parte da “Divina Comédia”, parece ter-se inspirado na mecânica e na geometria.
São círculos e linhas processionais de anjos, a que só falta o movimento e a música para associarmos essas imagens aos célebres ballets de Busby Berkelay.
Ao contrário das cenas do “Inferno”, em que as formas da imaginação que reúnem o silvestre, o humano e o animalesco abundam para nosso deleite, no “Paraíso”, a vida parece ter parado, mas a contemplação da verdade é certo que não sugere a ideia do movimento nem a da profundidade.
Assim, o ideal da vida perfeita (acabada) e da beatitude é de facto a duma harmonia não pessoal com as leis do mundo.
O que pode ser uma boa descrição da morte.
Por isso, quando se emprega o adjectivo dantesco é sempre para qualificar o infernal. E o seu paraíso é, na verdade, totalitário para além de toda a esperança.
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