sábado, 4 de setembro de 2010

UTOPIAS DE SEGURANÇA


"A Washington tragedy"



Timothy Garten Ash, num artigo intitulado “As lições de Londres”, diz que estes atentados não são actos de guerra (seria um erro considerar esta capacidade mortífera do bombista suicida com qualquer tipo de guerra), mas, de facto, crimes e que temos de nos habituar a deparar com eles ao virar da esquina (até porque menos liberdades e mais segurança não nos poriam ao abrigo deste novo tipo de ameaça).

É mais uma precariedade a juntar a outras. Ao fim do emprego para toda a vida, soma-se agora o fim do Estado como garante eficaz da segurança.

Não é que viver alguma vez tenha deixado de ser perigoso (há, por exemplo, as doenças que matam silenciosamente e a poluição que nos prepara searas de sofrimento), mas tínhamos esquecido, embalados na miragem de segurança em que nos tinham adormecido as instituições de protecção, as companhias de seguros e o ambiente eufórico da publicidade, em que tanta gente parece preocupada, maternalmente, com o nosso mais pequeno desejo, que a tragédia, longe de ser apenas um género literário em que primou a Antiga Grécia, é a realidade duma vida votada à morte.

E são os fanáticos duma religião que nos despertam deste outro sonho mediático.

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