sábado, 25 de setembro de 2010

O RESPEITO DAS FORMAS


A Conjura de Catilina

“Barère – Sim, vai, Saint-Just, tece os teus períodos, que cada vírgula seja um golpe de sabre, cada ponto uma cabeça cortada.

Saint-Just – É preciso que a Convenção decrete que o Tribunal deve continuar o processo sem interrupção, e que todo o acusado que faltar ao respeito do tribunal ou provocar distúrbios será excluído dos debates.

Barère – Tu tens o instinto revolucionário, isso soa muito moderado e, no entanto, produzirá o seu efeito. Eles não podem ficar calados, é preciso que Danton grite.

Saint-Just – Conto com o vosso apoio. Há gente na Convenção que está tão doente como Danton. E que receiam o mesmo tratamento. Vão recobrar coragem, vão clamar contra a violação de procedimento.

Barère – interrompendo-o: Vou-vos dizer: em Roma, o cônsul que descobriu a conjura de Catilina e puniu imediatamente de morte os culpados foi acusado de violar o procedimento. Quem eram os acusados?”


“La mort de Danton” (Georg Büchner)


A conspiração de Catilina ( o assassinato de Cícero ocorreria a 7 de Novembro AC) era real e punha em perigo o Estado romano. Os culpados foram denunciados e punidos pelo próprio Cícero, mas as “formas” não foram respeitadas.

Os advogados girondinos tinham muitos argumentos desse género contra o partido de Robespierre. A vontade de oposição serve-se de todos os apoios, como o alpinista de todos os acidentes da escarpa para alcançar o cume.

O respeito da forma pela forma parece estúpido (é como não atravessar com o sinal vermelho quando não há carros à vista). Se os girondinos estivessem dispostos a acompanhar a passada da Montanha, as formas teriam sido ignoradas.

Porque as boas formas existem para salvar a paz e assegurar a justiça, e estas estão sempre em causa quando não há acordo.

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