Max Horkheimer (1895/1973)
"A proibição judaica de se representar Deus e a proibição de Kant de se ultrapassarem os limites da inteligibilidade do mundo ambos contêm o reconhecimento do absoluto cuja determinação é impossível. O mesmo é verdadeiro para a teoria crítica, até o ponto em que declara que o mau – primeiro na esfera social, mas também na esfera moral, que diz respeito ao ser humano individual, - pode ser descrito, o bom, no entanto, não."
"On Critical Theory" (Max Horkheimer, citado por Susan Neiman)
Não foi esse o erro das teologias profanas do século XX? A justiça na terra deixou de ser um ideal cuja perfeição impedia que fosse jamais alcançada para se tornar a categoria distintiva de um lugar e de um regime. Não há dúvida que o chamado "socialismo real" podia ser descrito – e foi-o desde o início, mas a desilusão não podia referir-se a um ideal que estava oficialmente encarnado e que já não existia noutro lugar. O resultado foi o regresso ao passado que o regime pretendia ter extirpado.
Mas como resolver a dificuldade em termos práticos? Deveremos desistir de estabelecer alguma justiça só porque os ideais não podem ter existência real?
O caso é que o ideal encarnado é uma contradição nos termos. O bom não é um estado de facto, mas qualquer coisa sempre em perigo ou sempre a atingir no futuro.
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