quinta-feira, 9 de setembro de 2010

A ECONOMIA NO DIVÃ


A batalha de Little Big Horn


É mais do que natural exigir dos encartados arautos da desgraça que propõem os remédios mais drásticos para a nossa economia e os concomitantes sacrifícios (que lhes há-de ser difícil de imaginar ), é mais do que natural, dizia, exigir deles um sacrifício da mesma grandeza. Mas sabemos que isso não pode ser. Nem é certo que alguns deles tenham de sentir as dificuldades para chegarem às soluções mais adequadas. O privilégio de que gozam é, afinal, o mesmo do general que, sem estar no terreno, na paz do seu gabinete, sacrifica uma patrulha ou um batalhão para conseguir uma posição, com a aparente facilidade de quem, no xadrez, deixa "comer" os cavalos para se aproximar do xeque-mate. É claro que alguns generais passaram à história por terem sofrido o destino dos seus homens, como Custer, em Little Big Horn, mas foi uma derrota em toda a linha, como se sabe.

Não deixa, por isso, de ser um pouco demagógico dizer que uma pensão milionária impede um homem de pensar no âmbito da sua especialidade.

O problema está, não no facto de não sentirem pessoalmente a crise, mas no valor científico das suas previsões. De facto, a sua especialidade merece quase tanto crédito como a psicanálise. E sabe-se como o psicanalista acaba por colocar as palavras na boca do seu paciente e, em vez da cura, arrastá-lo para um processo caro e interminável.

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