domingo, 27 de dezembro de 2009

OS CÍNICOS



"Les liaisons dangereuses" (1796)


"Os problemas acerca dos quais alegavam nunca pensar clamavam à sua volta. Recolher informação para a transformar em piadas era uma protecção para não serem abalados por forças fora do seu controle. Mostrar controle em pessoa era uma maneira de fazer o controle real sobre esses problemas parecer irrelevante."

"Avoiding politics" (Nina Eliasoph)


Esta amostra pertence ao grupo dos cínicos (e do strenuous disengagement) no estudo de Eliasoph.

Pensemos no exemplo dum cínico, na literatura clássica, como o conde de Valmont de "As ligações perigosas". Aqui a grande questão é o amor. E o rol das suas vítimas é a troça com que pretende disfarçar a sua incapacidade para o amor.

Enquanto a maioria dos habitantes de Buffalo opta por não falar sobre esses tópicos para não revelar a sua ignorância ou a sua incompetência, sentindo-se impotentes para intervir na esfera pública, os cínicos estão geralmente bem informados e tratam as questões sérias com uma frivolidade característica, não porque se sintam com mais poder de iniciativa do que os outros, mas por causa da sua preocupação maior: não passarem por lorpas (bubbas).

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