sexta-feira, 18 de dezembro de 2009

JUÍZOS



"O Juízo, em geral, é a faculdade de pensar o particular como contido no universal. Se o universal (a regra, o princípio, a lei) é dado, o Juízo, que subsume nele o particular (…) é determinante. Mas se só o particular é dado, sobre o qual ele deve encontrar o universal, então o Juízo é somente reflexionante."

(Kant, "Crítica do Juízo", citado por Fina Birulés in "Juzgar en compañia")

Quer dizer, neste último caso, o Juízo funciona como um exemplo, sem valor universal (que "excede o acontecimento, porém", diria Arendt).

Mas os universais são dados apenas no mundo da lógica e dos conceitos. Todos os juízos com incidência na vida comum, tanto na vida privada, como na política, são juízos "reflexionantes". Devem ser originais para corresponder à novidade do caso, mas não valem para todas as pessoas.

"Quando julgamos, recorremos à imaginação com o fim de nos colocarmos no lugar de outra pessoa. Trata-se de pensar com 'mentalidade extensa' (enlarged mind)"(ibidem)

Isto leva-nos à expressão tão corrente no mundo da política, mas mais usada como álibi do que praticada realmente: a "mentalidade aberta". Porque se há coisa que uma mente partidária não se pode permitir é colocar-se no lugar da "concorrência" (a não ser no sentido estratégico).

Donde, os juízos de partido nem sequer são reflexionantes. São juízos duma espécie particular, pois são deduzidos dum falso universal que é o próprio partido.

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