"O Sétimo Selo" (1956-Ingmar Bergman)
Na partida de xadrez, junto ao mar, entre um cavaleiro regressado da cruzada, e a Morte que aceita esperar pelo fim do jogo, todos reconhecemos o "Sétimo Selo" de Ingmar Bergman.
O cavaleiro (Max Von Sydow) não quer morrer sem obter uma resposta de Deus, resposta que é exigida por todas as desgraças que acontecem à sua volta. O cenário é o da peste negra. Concluímos que a cruzada, longe de aumentar as forças do crente, o deixou no limiar da descrença, o que é uma experiência muito comum a toda a espécie de cruzados.
O contraponto desta inquietação espiritual é o pajem (Gunnar Björnstrand) que diz sem rodeios o que pensa e que não pensa para além do que vê. A sua falta de "temor" parece demasiado moderna e joga mal com uma impecável obediência de classe.
A Morte (Bengt Ekerot), com o xeque-mate apanhá-los-á a todos ( o cavaleiro, o pajem e os companheiros de ocasião). Salva-se o ingénuo casal de saltimbancos e o seu bebé, como se Bergman quisesse dizer que o instinto de sobrevivência é mais forte do que a inteligência do mais exímio jogador de xadrez.
O tom geral é de grande pessimismo, apesar disso. E o mais próximo duma resposta de Deus é o patético consentimento e a vontade de imolação da pobre adolescente que vai ser queimada e precisa de acreditar que é, de facto, feiticeira.
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