Agora que a vaga de protestos contra o modelo de avaliação dos professores se parece ter desfeito e, com o novo ministério, os sindicatos alcançaram tudo o que pretendiam, conseguindo, recentemente, que a progressão na carreira fosse completamente desligada do mérito, todos podemos ver que o que estava desde o início em questão não era o modelo, mas a própria avaliação.
Esta resistência a uma ideia que já fez o seu caminho (a contragosto da maioria, é preciso dizê-lo, mas imposto pelas entidades patronais, como um índice de modernidade e de maior justiça, na medida em que compensaria os melhores e os mais aplicados) no sector privado, resistência com um vigor e uma amplitude que a pura acção sindical ou, para alguns, o manobrismo, não podem explicar, não é passível de ser entendida sem referência a uma crise do ensino mais cultural.
Alguém já disse que antes da avaliação dos professores era preciso que os alunos fossem avaliados e que sem disciplina nenhuma das coisas é possível.
Estou em crer que o que foi pacífico nas empresas, para, na maior parte dos casos, se ter ritualizado e tornado um processo "para inglês ver", não pode resultar no ensino sem algumas condições essenciais, sendo uma delas uma mudança de mentalidade dos professores, visto que a imposição está fora de questão.
Foi sensível nesta grande contestação uma nota de revolta genuína, para além da "natural" resistência a qualquer tipo de avaliação. É como se à crise que se vive no ensino que é repercussão da crise da família, a montante, crise que grande parte dos professores é impotente para gerir, se respondesse com uma medida de "tempo de paz", ainda por cima polémica.
A acção dos professores foi um protesto contra o "cúmulo", mas a crise está no mesmo sítio, com avaliação ou sem ela.
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