quarta-feira, 9 de dezembro de 2009

A MESA


"Le repas frugal" by Pablo Picasso


"A mesa torna visível e suporta a intimidade familiar; os amigos sabem que essa permite uma igualdade de encontro que lhes é própria; dos negócios tem-se a ideia de que a mesa os favorece, tal como a busca de resolução para os conflitos mais diversos. A euforia comercial com que as nossas sociedades promovem os tempos simbólicos acalma-se, por fim, em torno duma refeição. E, talvez por isso, à mesa pesa mais a solidão ou a incomunicabilidade em que muitos vivem."

"A Leitura Infinita" (José Tolentino Mendonça)


Será assim porque, desde que nascemos, o que comemos é a melhor imagem do que nos transforma interiormente? Como se nesse acto o mundo não fosse algo de separado, um espectáculo, mas o que se incorpora e transubstancia, como se, por um momento, voltássemos e ter um cordão umbilical, ligados ao ser?

A igualdade fundamental, quase tanto como no sono e na morte faz-se aí sentir, se virmos na alimentação o que ela realmente é: o elo terrestre.

Podemos compenetrar-nos desse significado quando comemos sozinhos, mas conhecemo-nos melhor à mesa, com os outros.

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