quarta-feira, 23 de dezembro de 2009

O REAL NO PLURAL



"A questão da fé joga-se nas embocaduras e não nas fontes. E o princípio lógico da não-contradição nada pode esclarecer, desde o momento em que existem, não várias verdades, mas vários 'reais' (dos quais a realidade virtual é apenas o mais recente, não anulando os precedentes, mas fornecendo-nos, apenas, ainda mais um real). O real da crença tem o seu próprio realismo, tal como a positividade crítica tem o seu."

"Deus, um itinerário" (Régis Debray)


Segundo uma ideia ingénua, a realidade devia ser independente da crença. Mas se é preciso crer no 'real' é na medida em que ele não é sensível nem evidente.

A imensa maioria, se já ouviu falar disso, conhece o mundo da microfísica como Lucas conheceu Jesus. Ele "não viu nada, mas soube por Paulo que, ele próprio, ouviu dizer."
(ibidem) A verdade é que acreditamos na ciência porque ela nos encheu o mundo de "milagres".

São Tomé teve de ver para crer. Mas o que ele viu foi o milagre da ressurreição e, ele, não precisou de fazer mais perguntas. É assim que o grande número vê a tecnologia.

Podemos contentar-nos com esta ideia do real (o que podemos tocar ou que vemos a funcionar), mas isto é crença e não mais do que isso.

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