"Les Yeux bandés" (2007-Thomas Lilti)
Théo (Jonathan Zaccaï) e Martin (Guillaume Depardieu) cresceram juntos, como irmãos. A confiança entre eles era absoluta. Uma vez, Martin deixou que Théo lhe vendasse os olhos para atravessar, a uma ordem sua, uma estrada movimentada. Mas um dia Théo "laisse tomber" Martin (o mais carente) e procura refazer uma vida própria. Casa. Espera um filho. Até que vê no jornal a notícia de que o seu amigo foi preso por violação e assassínio duma jovem da sua terra natal. O abandono do amigo pesa-lhe na consciência e Théo está pronto para uma solução, qualquer que ela seja (assim promete à mãe de Martin). Já nem lhe importa saber se o amigo é ou não culpado. O filme é admirável na forma como nos vai fazendo sentir a força do passado que une os dois homens, a ponto de levar Théo a um acto desesperado. No final há uma conversão ao bom senso e à razão, mas isso não é obra da palavra nem da reflexão. No momento em que vai jogar a sua vida, inutilmente, por causa da culpa, das promessas e dos juramentos, vê que alguém se prepara para cometer uma loucura semelhante. É o pai da rapariga assassinada, armado duma pistola, pronto a atirar sob Martin que os polícias fazem descer da carrinha. Théo põe-se à frente da arma e o outro desiste. Ambos compreendem que a dor do outro os desarma, que a vingança dum já não tem sentido e que a amizade do outro não pede uma nova vítima, mas a expiação. Théo sabe agora que a única maneira de "salvar" Martin é levá-lo a responder pelo seu crime.
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