Simone de Caillavet
Quando Proust apareceu, inesperadamente, em casa dos Caillavet com o pedido urgente de ver Simone, a filha do casal, então com 13 anos e, àquela hora, profundamente adormecida, deve ter parecido louco, mas a sua obra corria contra a morte.
Ele precisava dum modelo da "terceira geração" para personificar Mlle. de Saint-Loup (a filha de Robert e de Gilberte), na última parte do romance.
A obra do tempo, como se sabe, surge aí dum modo teatral. O envelhecimento torna as personagens em novos seres, acrescentando ao trabalho do esquecimento. A nova geração é o facto consumado do tempo, e a adolescente que vem ao encontro de Marcel anuncia já um futuro em que este não terá parte.
Há, neste escrúpulo de autenticidade dos sentimentos e das emoções, a marca dum escritor maior que, sem dúvida, temia, além do mais, que a sua gruta de cortiça o tornasse presa das ilusões dos prisioneiros descritos por Platão no Livro VII da "República".
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