É um lugar-comum dizer-se que Ingmar Bergman compreendia melhor do que ninguém a alma feminina. Em "Segredos de Mulheres" ("Kvinnors Väntan", 1952), estamos ainda longe das preocupações metafísicas do mestre, mas esboça-se já o jogo da verdade entre os sexos, semeado de desilusão e ironia, que se vê em obras-primas como os "Sorrisos de uma noite de verão".
Estas mulheres, em tempo de confissões, de que se queixam? Da fuga do amor, da perda de contacto com os homens, imaturos e apenas interessados no mundo exterior. Nas vaidades da "acção".
Elas, depois de uma pequena humilhação a que sujeitam o viril companheiro, para levá-lo a compreender que a vida não é um jogo, por apaixonante que seja, resignam-se a conviver com as suas fraquezas e esperam-no alvoroçadas no fim do recreio.
O último flashback, com Eva Dahlbeck e Gunnar Björnstrand, presos no elevador, exemplifica com ironia o cúmulo de circunstâncias exigido pela reconciliação e a retoma do contacto.
O desejo é apanhado como um peixe no espaço exíguo, confirmando o preceito de Plutarco de que Afrodite é o melhor médico para as perdas de contacto (e para a claustrofobia nos elevadores).
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