segunda-feira, 7 de julho de 2008

O SENTIMENTO DA JUSTIÇA


David Hume (1711/1776)


"Foi portanto a preocupação do nosso próprio interesse e do interesse público que nos fez estabelecer as leis da justiça, e nada pode ser mais certo do que não ser uma relação de ideias que nos dá esta preocupação, mas sim as nossas impressões e sentimentos, sem os quais tudo na natureza nos é perfeitamente indiferente e não pode afectar-nos absolutamente nada. O senso da justiça não se baseia pois nas nossas ideias, mas nas nossas impressões."

"Tratado da Natureza Humana" (David Hume)


Nenhuma casuística pode substituir o sentimento da justiça. O carácter arbitrário da moral casuística vem-lhe da sua pretensão de interpretar um princípio geral nas suas aplicações concretas e não da ausência de um qualquer princípio.

Se a justiça fosse "uma relação de ideias", essa impossibilidade não existiria.

Por isso é que nos é tão difícil julgar em termos de justiça ou injustiça as épocas passadas ou as culturas estranhas.

E talvez a ideia da justiça tenha, por causa disso, desempenhado um papel tão "invasor" na aculturação dos povos quanto a força económica.

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