Hitler is Invited into Power
"O observador, surpreendido pela convergência de todos os pensamentos para o problema político, é de imediato surpreendido, e mais vivamente ainda, pela ausência de agitação, de discussões apaixonadas nas ruas ou no metro, de leitores lançando-se ansiosamente sobre o seu jornal, de acções esboçadas ou apenas concertadas. Esta contradição aparente constitui o carácter essencial da situação. O povo alemão não está nem desencorajado, nem adormecido; não se desvia da acção; e, no entanto, não age; espera."
Simone Weil decide passar o verão de 1932 na Alemanha "para tentar compreender sobre o que repousava a força do fascismo."
Em Janeiro do ano seguinte, Hitler é chamado à chancelaria.
Nesta tranquilidade ameaçadora, tudo se encontra suspenso e em equilíbrio instável. Os sinais da crise social são omnipresentes, desde os desempregados "atraídos sobretudo pelo alojamento, a alimentação e o dinheiro que encontram nas tropas de assalto" aos mendigos de colarinho falso e chapéu de coco "que toda a vida exerceram uma profissão liberal".
E em relação aos jovens: "Quanto a eles próprios fundarem uma família, a casarem-se, a terem filhos, os jovens alemães em geral nem sequer podem pensar nisso. O pensamento dos anos por vir não está para eles preenchido por conteúdo algum."
É esta mesma falta de perspectiva que hoje deixou de ser preocupante e passou a definição da cultura democrática com o trabalho precário e desregulamentado. Dizem-nos, outros, que esse é o preço exigido pela retoma económica e pelo mercado global. Mas, contrariamente à situação alemã de 1932, em tudo diferente, no essencial, da actualidade, esse não parece ser um problema que dependa duma solução política.
A espera de que fala Simone é apaixonadamente interessada, mas também disponível, como se viu a seguir, por qualquer precipitado da força. Como naquelas situações insustentáveis de que é preciso sair de qualquer maneira.
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