"(...) a Europa será séria, ou não será. Será muito menos divertida do que as suas nações, que por seu lado, já o eram menos do que as suas províncias. Temos de escolher entre pôr a Europa em ordem ou permanecer eternamente infantis. As nações serão amáveis Clorindas, felizes por sentirem que representaram seres sensuais, apaixonadamente amados. Mas a Europa será como aquela jovem sábia do século XIII, que ensinava Matemática na universidade de Bolonha e se apresentava com máscara aos seus alunos, para não os perturbar com a sua beleza."
(Julien Benda, "Discours à la nation Européenne", citado por Walter Benjamin in "A Modernidade")
Benjamin estigmatiza no Discurso de Benda a ideologia da intelligentsia do tempo.
Em nome do realismo ( a Europa será séria...), acusa-o de defender "a causa das nações contra a da humanidade, dos partidos contra a justiça, do poder contra o espírito."
Julgando essa posição do ponto de vista do "materialismo histórico", vê nela a cegueira quanto à base económica dos problemas e uma dependência inultrapassável em relação aos preconceitos de classe.
Mas a imagem da máscara para esconder a beleza presta-se a mais interessantes interpretações. Em primeiro lugar, parece ir contra a ideia de que a sedução joga um papel na educação.
Despertar o aluno do seu sono juvenil (parafraseando Kant) não é possível sem arte, nem algum "desvio" do caminho natural que é o da facilidade e o da sensualidade.
A professora de Bolonha talvez tenha encontrado, de facto, o meio de ser ainda mais sedutora ( e menos "sotora") atrás da máscara, com a vantagem de libertar o espírito dos sentidos.
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