sexta-feira, 25 de julho de 2008

O PROGRESSO ILIMITADO


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"Mas enquanto que a utilização das fontes naturais de energia depende numa parte considerável de acasos imprevisíveis, a utilização de materiais inertes e resistentes efectuou-se no conjunto segundo uma progressão contínua que se pode abarcar e prolongar pelo pensamento uma vez percebido o seu princípio."

"Réflexions sur les causes de la liberté et de l'oppression sociale" (Simone Weil)


Ao tempo em que Simone escreveu o seu ensaio, a ideia de um desenvolvimento ilimitado das "forças de produção", segundo Marx, em última análise, o verdadeiro motor da história, encontrava poucos cépticos, e o motivo principal dessa ilusão era o espectacular progresso tecno-científico dos últimos séculos.

Mas à filósofa não escapam os sinais de que na "utilização dos materiais", processo que se desenvolveu com o maquinismo e a automação, se teria entrado num período em que o desperdício gerado pela complexidade da organização do trabalho punha em causa o esperado progresso.

Por um lado, a exploração dos recursos naturais dependente do acaso (de novas fontes de energia ou de novas descobertas da técnica), por outro, as aporias da racionalização do trabalho e da organização descartam a hipótese de um progresso ilimitado (para não falar dos retrocessos, sempre possíveis, causados pela guerra).

Só quando nos compenetramos do significado da falência duma tal ideia é que compreendemos como ela é importante como ideologia que iliba todas as atrocidades cometidas em nome dos benefícios futuros.

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