"Desde o motim dos capitães de Vasco da Gama e a sua repressão, a campanha de globalização é uma guerra permanente dos humores e um combate pelos meios de orientação que é da ordem da hipnose de grupo - e desde recentemente: pelo poder de programação nos mass media e pelo poder de consulta nas empresas."
"Palácio de Cristal" (Peter Sloterdijk)
Segundo Sloterdijk, os portugueses são pioneiros da globalização que não começou com a Internet, mas com as viagens de descoberta.
Para enfrentar os perigos da aventura marítima não bastava a vontade nem a fé dos homens que deram o nome a esses grandes feitos, pois era sempre necessário motivar ou forçar a tripulação.
"Após um início de motim durante uma tempestade, diante da costa de África Oriental, Vasco da Gama mandou deitar ao mar as bússolas, os mapas e os instrumentos de medida dos seus capitães e oficiais para eliminar nos membros da sua tripulação quaisquer veleidades futuras de regresso."
Mais prosaicamente, os instrumentos de risco do capitalismo à escala planetária seriam a continuação das proezas náuticas. A mesma loucura e o mesmo pragmatismo, com doses maciças de "hipnose de grupo" ao nível das empresas e dos mercados.
Como observa Sloterdijk, o custo milionário de alguns serviços de consultadoria, cuja competência ou incompetência é de resto irrelevante, diz-nos algo sobre a necessidade de auto-motivação e justificação dos que decidem essas "travessias" financeiras".
O processo das forças produtivas fica muito enriquecido com esta descida aos porões.
0 comentários:
Enviar um comentário