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"(...) entre dois seres que atingem uma certa
altitude de emoção, a mentira torna-se impossível, ao ponto de excluir toda a
conversação!"
"O Homem Sem Qualidades" (Robert Musil)
Diotima define deste modo as suas relações com Arnheim,
uma personagem-chave para o seu grande desígnio de unir a alma e o capital.
Elas não são exactamente "platónicas", pois a possibilidade
assimptótica de "tomarem o freio nos dentes" e cairem na pura sensualidade
faz parte do seu jogo e a frustração é obrigatória.
Mas a conversação, sem a qual a exaltação deste
masoquismo intelectual não seria possível, surge aqui identificada com a
mentira, quando comparada com a verdadeira emoção "das alturas".
É como se esta herdeira das "précieuses" de
Molière propusesse ao seu amante em ideia uma outra vida, em que tudo o que
nesta prezavam passasse, como por condão, ao seu contrário.
Esta conversão destinava-se tão-só a suprimir o lado
prosaico da coisa.
Diotima e Arnheim não podem na realidade amar-se por uma
espécie de snobismo.
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