domingo, 22 de abril de 2012

O PESSIMISMO DA ACÇÃO

brotherpeacemaker.wordpress

"Há na acção um pessimismo grandioso em relação às palavras."

"O Homem Sem Qualidades" (Robert Musil)



É Diotima quem o diz, personagem que não poupa em palavras grandiosas, nem deixa de promover acções "palavrosas", que em nada se distinguem do imobilismo, porque nascem algumas vezes do "sentimento" de que algo tem de acontecer, embora não se saiba precisamente o quê. Essa necessidade é, as mais das vezes, apenas a consequência de se ter falado de mais, por exemplo, numa presumível aliança entre uma ideologia económica e a alma  dum povo, mais ou menos conotada com um resultado nas urnas.

A verdade é que o pessimismo da acção a impede de "resolver" qualquer problema que seja, nomeadamente através de soluções indesejáveis que a falta de pensamento (ou das palavras no tribunal da consciência) torna às vezes inevitáveis.

É quase certo que os que falam de mais gostam demasiado de se ouvir para incorrerem nas incertezas da acção, e que os que agem por cansaço das palavras apenas acrescentam outro nó aos problemas. Esta é uma situação típica da guerra que, como se sabe, só resolve os problemas, na medida em que os faz esquecer em favor de outros muito mais graves.

É por isso que a acção tem de ser optimista para ter o mínimo de sequência e merecer algum sucesso. E haverá fé sem palavras?

0 comentários: