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"Há na acção um pessimismo grandioso em relação às
palavras."
"O Homem Sem Qualidades" (Robert Musil)
É Diotima quem o diz, personagem que não poupa em
palavras grandiosas, nem deixa de promover acções "palavrosas", que
em nada se distinguem do imobilismo, porque nascem algumas vezes do
"sentimento" de que algo tem de acontecer, embora não se saiba
precisamente o quê. Essa necessidade é, as mais das vezes, apenas a
consequência de se ter falado de mais, por exemplo, numa presumível aliança
entre uma ideologia económica e a alma
dum povo, mais ou menos conotada com um resultado nas urnas.
A verdade é que o pessimismo da acção a impede de
"resolver" qualquer problema que seja, nomeadamente através de
soluções indesejáveis que a falta de pensamento (ou das palavras no tribunal da
consciência) torna às vezes inevitáveis.
É quase certo que os que falam de mais gostam demasiado
de se ouvir para incorrerem nas incertezas da acção, e que os que agem por
cansaço das palavras apenas acrescentam outro nó aos problemas. Esta é uma
situação típica da guerra que, como se sabe, só resolve os problemas, na medida
em que os faz esquecer em favor de outros muito mais graves.
É por isso que a acção tem de ser optimista para ter o
mínimo de sequência e merecer algum sucesso. E haverá fé sem palavras?
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