Max Horkheimer (1895/1973) |
"A proibiçâo judaica de se representar Deus e a
proibição Kantiana de ir para além do mundo inteligível contêm ambas o
reconhecimento do absoluto cuja determinação é impossível. O mesmo é verdade
para a teoria crítica, tanto quanto declara que o mal - primeiro na esfera
social, mas também na do ser humano individual - pode ser descrito, não o bem,
todavia."
"On Critical Theory" (Max Horkheimer)
Há muitas maneiras de partir, mas uma só de estar
inteiro. O "diabólico", ou oblíquo,
é a diagonal dos nossos
pensamentos. E não nos esqueçamos que,
em geometria, a diagonal do quadrado é um irracional (ou a raiz de 2). Só pode ser
pensada no triângulo, com o terceiro termo dos incomensuráveis (o lado e a
diagonal). Serres explica ("A origem da geometria") como a triangulação
no "Teeteto" de Platão se tornou a rede do nosso mundo racional.
Da mesma maneira, pensamos o mal como oposição ao bem
(incomensuráveis que igualmente são), embora, logicamente, o mal seja, ao mesmo tempo, "igual"
ao bem, graças a um terceiro implícito. É a solução, de resto, do problema
teológico que é o do bem não poder resultar o mal.
Perante Deus, o mal deixa se ser absoluto e passa a
competir com o bem, também ele "relativizado", no que é, passe a
expressão, a acção divina.
Podemos descrever o mal, a "legião dos
demónios" que nos desvia dos nossos deveres (no sentido lato), enquanto
temos consciência do seu "incomensurável", como tal.
Os paradoxos resolvidos pela "triângulação"
divina não são úteis para o crente. E a visão profana só nos permite uma estéril
dissecação do religioso.
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