quinta-feira, 26 de abril de 2012

O ABCESSO



"Revelar-se-ia então como um abcesso que, no corpo doente, se julgasse autorizado a falar em nome desse corpo."

"Sade, mon prochain" (Pierre Klossowski)



Mas donde vem a legitimidade de falar em nome do outro, em primeiro lugar? De todo o poder ser uma tarefa entre outras, de ser uma especialização e um mal necessário?

Por que é que o "abcesso" não deverá reivindicá-lo? Um relógio avariado não se regula pelas leis do mecanismo que funciona, já alguém disse.

De facto, é o que vemos. A sociedade doente "segrega" o órgão que a há-de manter nesse estado...como o capitalismo (ainda quer dizer alguma coisa a palavra, não estaremos já no reino da simulação, como dizia Baudrillard?) que, de crise em crise, gere a sua malignidade crónica.

Na crise europeia, os médicos, chamados à cabeceira do doente, saíram  da pústula que infectou todo o sistema.

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