"Revelar-se-ia então como um abcesso que, no corpo
doente, se julgasse autorizado a falar em nome desse corpo."
"Sade, mon prochain" (Pierre Klossowski)
Mas donde vem a legitimidade de falar em nome do outro,
em primeiro lugar? De todo o poder ser uma tarefa entre outras, de ser uma
especialização e um mal necessário?
Por que é que o "abcesso" não deverá
reivindicá-lo? Um relógio avariado não se regula pelas leis do mecanismo que
funciona, já alguém disse.
De facto, é o que vemos. A sociedade doente
"segrega" o órgão que a há-de manter nesse estado...como o
capitalismo (ainda quer dizer alguma coisa a palavra, não estaremos já no reino
da simulação, como dizia Baudrillard?) que, de crise em crise, gere a sua
malignidade crónica.
Na crise europeia, os médicos, chamados à cabeceira do
doente, saíram da pústula que infectou
todo o sistema.
0 comentários:
Enviar um comentário