segunda-feira, 9 de abril de 2012

MAIS DO QUE O PODER

batiamaquina.blogspot.com

"(...) o que estava em causa nas lutas das classes já não era a partilha do poder, o conflito dos democratas e dos oligarcas, mas antes a supressão das dívidas e a redistribuição da propriedade do solo."

"Le Pain et le Cirque" (Paul Veyne)




Gerir o "status quo", partilhando o poder ou detendo-o em alternância como no bipartidarismo moderno, não era, nem seria uma solução para a plebe romana.

O sistema era de tal modo desequilibrado e gerava tais desigualdades que não podia ser tarefa de nenhum "mandato" repor as condições mínimas de co-existência. Já que as coisas não se resolviam naturalmente dentro do sistema, era preciso "limpar a lousa" de vez em quando e recomeçar. Não, evidentemente, a partir do zero, mas antes da dívida que não pode ser paga sem risco para a sociedade. É como com Israel e os territórios ocupados. Mesmo se admitisse abandonar algum território, nunca poderia pôr em causa a ocupação fundadora.

Hoje temos, na Europa, a situação duma "plebe" de países endividados aos quais de nada serve a partilha do poder burocrático europeu. Do que se trata é de repor o equilíbrio dentro da União, reconhecendo que a dívida resulta mais da desorganização institucional que favoreceu os mais fortes tornados credores dos outros, do que qualquer "defeito moral" dos endividados. Para isso não são precisos os remédios preconizados pelos que querem manter as suas posições iníquas e as suas rendas de situação.

Tampouco se trata dum "corte de cabelo" a impor aos credores "para não perderem tudo". Trata-se dum novo pacto propiciador da paz social e entre as nações.

Os que insistem na sua  "libra de carne" apenas semeiam a próxima guerra.

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