batiamaquina.blogspot.com |
"(...) o que estava em causa nas lutas das classes
já não era a partilha do poder, o conflito dos democratas e dos oligarcas, mas
antes a supressão das dívidas e a redistribuição da propriedade do solo."
"Le Pain et le Cirque" (Paul Veyne)
Gerir o "status quo", partilhando o poder ou
detendo-o em alternância como no bipartidarismo moderno, não era, nem seria uma
solução para a plebe romana.
O sistema era de tal modo desequilibrado e gerava tais
desigualdades que não podia ser tarefa de nenhum "mandato" repor as
condições mínimas de co-existência. Já que as coisas não se resolviam
naturalmente dentro do sistema, era preciso "limpar a lousa" de vez
em quando e recomeçar. Não, evidentemente, a partir do zero, mas antes da
dívida que não pode ser paga sem risco para a sociedade. É como com Israel e os
territórios ocupados. Mesmo se admitisse abandonar algum território, nunca
poderia pôr em causa a ocupação fundadora.
Hoje temos, na Europa, a situação duma "plebe"
de países endividados aos quais de nada serve a partilha do poder burocrático
europeu. Do que se trata é de repor o equilíbrio dentro da União, reconhecendo
que a dívida resulta mais da desorganização institucional que favoreceu os mais
fortes tornados credores dos outros, do que qualquer "defeito moral"
dos endividados. Para isso não são precisos os remédios preconizados pelos que
querem manter as suas posições iníquas e as suas rendas de situação.
Tampouco se trata dum "corte de cabelo" a impor
aos credores "para não perderem tudo". Trata-se dum novo pacto
propiciador da paz social e entre as nações.
Os que insistem na sua
"libra de carne" apenas semeiam a próxima guerra.
0 comentários:
Enviar um comentário