Jack, the Ripper (wdfyfe.wordpress.com) |
"(...) compreender é também compreender o que se
passa com o incompreensível."
(Edgar Morin, citado por Jean-Louis Le Moigne)
O que significa isto, para além do socrático saber que
não sei?
O "incompreensível" pode, é verdade, designar o
que 'nunca' poderemos saber, como, por exemplo, o que se passou no princípio de
tudo (se quisermos seguir uma ordem). É também evidente que, na história do
homem, por isso muito aquém da metafísica, abundam os chamados mistérios, ou
casos insolúveis.
Penso que Morin tem em mente os problemas da complexidade
social ou "simplesmente" física, mais do que os da chamada
metafísica. Mas é provável que o tempo, por exemplo, torne um caso relativamente simples, como o
do célebre Jack, o Estripador, num problema insolúvel e...complexo, se tivermos
em conta as redes de interpretação, umas sobre as outras, que envolvem a
descrição dos factos.
É claro que a insolubilidade não é o mesmo que a
transcendência, e saber que se perdeu uma chave, talvez para sempre, é
realmente compreender a situação.
Outra coisa é reconhecer que para lá duma certa
complexidade, os problemas são quase-transcendentes. O optimismo de alguns dos
participantes do colóquio de Cerisy de 2005, em que esteve Morin, é muito
estimulante, mas temo que seja infundado.
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