"É mais urgente extinguir a desmesura do que o
incêndio."
(Heráclito)
O fogo é uma crise que se sabe como vencer. Já na Roma
antiga os 'siphonarii' manobravam a bomba de água. Para os casos em que as
chamas devoram a casa e os haveres, inventou-se o seguro. Mas que corporação
pode atacar a desmesura, sem perigo para todos, quando ela sub-repticiamente se instalou na cidade?
Sabemos que a noção de limite foi a grande ideia dos
Gregos. A medida é o que se lhe conforma, mas o risco de cair na desmesura
(hybris) é permanente.
Quereria o "Obscuro" referir-se apenas ao
indivíduo que comete a 'hybris' e se
coloca na situação do criminoso nas nossas sociedades? Mas desse se encarregava
a nemésis enviada pelos deuses para repor a justiça. Por isso é defensável a
outra interpretação que é a duma desmesura colectiva que não seria, porém,
comparável ao pânico. É mais como um mundo do avesso, ou um tempo 'fora dos gonzos' como
se lê no "Hamlet".
Então, nada seria mais urgente do que "apagar esse
incêndio", mas é a própria natureza do mal que impede a consciência de que
se trata de algo urgente e que sonega a própria ideia dos meios para o
combater.
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