sábado, 21 de abril de 2012

A RATOEIRA


"O que é que pode manter unida a unidade social? Por um lado a ordem, bem como a polícia, a coerçāo, as leis. Mas esta tende a reduzir a complexidade. (...) A complexidade tem necessidade destes elementos fundamentais: a consciência de pertença e de solidariedade."


"Complexidade restrita, complexidade geral" (Edgar Morin)




Assim, uma sociedade democrática é, em princípio, mais complexa do que outra governada por uma ditadura. A democracia é uma interminável negociação e pressupõe que as coisas funcionam por si mesmas, sem que a sociedade sofra por causa dos tempos de decisão mais longos.

Em comparação, a ditadura não "perde tempo" e faz caminho segundo a vontade de um ou alguns, mas sem ter em grande conta a realidade.

Está à vista de todos que uma crise como esta que estamos a viver tende a "simplificar" a política e a criar, como diz George-Yves Kervern, um processo de descomplexificação gerador de perigo.

O que prende ainda a nossa sociedade à democracia é a retrospectiva dum acto eleitoral em que os eleitores não sabiam o que os esperava. E é, evidentemente, o que traduz a sabedoria popular com "o que cala consente". Porque o que diz a oposição oficial está implicitamente codificado e é, até, a prova de que a democracia existe.

É por onde se percebe o género de "ratoeira" em que estamos metidos.

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