"O que é que pode manter unida a unidade social? Por
um lado a ordem, bem como a polícia, a coerçāo, as leis. Mas esta tende a
reduzir a complexidade. (...) A complexidade tem necessidade destes elementos
fundamentais: a consciência de pertença e de solidariedade."
"Complexidade restrita, complexidade geral"
(Edgar Morin)
Assim, uma sociedade democrática é, em princípio, mais
complexa do que outra governada por uma ditadura. A democracia é uma
interminável negociação e pressupõe que as coisas funcionam por si mesmas, sem
que a sociedade sofra por causa dos tempos de decisão mais longos.
Em comparação, a ditadura não "perde tempo" e
faz caminho segundo a vontade de um ou alguns, mas sem ter em grande conta a
realidade.
Está à vista de todos que uma crise como esta que estamos
a viver tende a "simplificar" a política e a criar, como diz
George-Yves Kervern, um processo de descomplexificação gerador de perigo.
O que prende ainda a nossa sociedade à democracia é a
retrospectiva dum acto eleitoral em que os eleitores não sabiam o que os
esperava. E é, evidentemente, o que traduz a sabedoria popular com "o que
cala consente". Porque o que diz a oposição oficial está implicitamente codificado
e é, até, a prova de que a democracia existe.
É por onde se percebe o género de "ratoeira" em
que estamos metidos.
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