dp.lege.lobbiyst |
"O
termo de 'lobby' é associado em França a uma representação negativa. O 'lobby'
falsearia a democracia. Esta ideia é sem dúvida reforçada por uma campanha
presidencial americana na qual estão em condições de mobilizar dezenas de
milhões de dólares para pesar sobre o escrutínio de Novembro de 2012. A controvérsia é viva nos Estados Unidos sobre o papel e o poder dos 'lobbies',
ou melhor de certos de entre eles, mas a sua existência não é posta em causa.
Com efeito, a ancoragem dos 'lobbies' nas práticas da democracia americana é
contemporânea da sua Constituição. A primeira emenda proibe o voto pelo
Congresso de leis restringindo a liberdade de expressão e o direito dos
cidadãos de se reunirem pacificamente."
"Diktat des "corps intermédiaires"
(Clotilde Druelle-Korn, "Le Monde" de 19/3/12)
(Clotilde Druelle-Korn, "Le Monde" de 19/3/12)
Os interesses, desde os da grande finança aos das empresas dos vários sectores, das confederações
sindicais e dos consumidores, podem, através da prática lobbista,
influenciar o poder entre eleições. É sem dúvida um sinal de dinamismo da
"sociedade civil", e talvez os 'lobbies' funcionem em muitos casos como bons
conselheiros do governo. Pareceria até que esse tipo de influência só peca por ser
minoritário e redundar em mais força para os mais fortes.
Nos EUA, essa assimetria não parece prejudicar a fé do cidadão comum na democracia. Talvez porque o regime signifique, para o cidadão-crente, mais uma esperança nas famosas oportunidades do que na igualdade de facto dos direitos. Os americanos nunca se deixaram seduzir pela Deusa da Razão, em qualquer altar iluminista como os seguidores do "Incorruptível", e preferem que Deus se torne no Grande Fiador do seu dinheiro. Ora, a organização dos 'lobbies' é apenas mais uma escada para agarrar as mais apetecidas oportunidades e, por isso, é congénita ao sistema.
Na Europa (pelo menos de antes da "Doutrina do Choque", com que o programa neo-liberal é imposto graças à oportunidade aberta pela crise provocada pela sua ideologia), os 'lobbies' gozam dum privilégio que não pode ser extensível à maioria, porque a maioria não se organiza, a não ser como burocracia do Estado ou dum partido, e a memória da URSS é o melhor preventivo dessa experiência.
O resultado das eleições "de quatro em quatro anos" começa logo a ser desvirtuado no primeiro dia de governo pelos que sabem e podem organizar-se. Se essa "influência" fosse mais visível, a democracia, tal como a conhecemos, não poderia sustentar-se.
Nos EUA, essa assimetria não parece prejudicar a fé do cidadão comum na democracia. Talvez porque o regime signifique, para o cidadão-crente, mais uma esperança nas famosas oportunidades do que na igualdade de facto dos direitos. Os americanos nunca se deixaram seduzir pela Deusa da Razão, em qualquer altar iluminista como os seguidores do "Incorruptível", e preferem que Deus se torne no Grande Fiador do seu dinheiro. Ora, a organização dos 'lobbies' é apenas mais uma escada para agarrar as mais apetecidas oportunidades e, por isso, é congénita ao sistema.
Na Europa (pelo menos de antes da "Doutrina do Choque", com que o programa neo-liberal é imposto graças à oportunidade aberta pela crise provocada pela sua ideologia), os 'lobbies' gozam dum privilégio que não pode ser extensível à maioria, porque a maioria não se organiza, a não ser como burocracia do Estado ou dum partido, e a memória da URSS é o melhor preventivo dessa experiência.
O resultado das eleições "de quatro em quatro anos" começa logo a ser desvirtuado no primeiro dia de governo pelos que sabem e podem organizar-se. Se essa "influência" fosse mais visível, a democracia, tal como a conhecemos, não poderia sustentar-se.
"Puxar a brasa à sua sardinha" pode ser legítimo, mas é óbvio que não há brasa para todas as sardinhas. Para o grande número, a democracia deve, por isso, converter-se em "oportunidades de brasa".
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