Andrei Zhdanov |
"O princípio mais importante da doutrina Idanov foi
frequentemente resumido pela frase: 'O único conflito possível na cultura
soviética é o conflito entre o bom e o melhor.'
O Idanovismo cedo se tornou a política cultural soviética, significando
que artistas, escritores e a 'intelligentsia' em geral se tinham de conformar
com a linha do partido nos seus trabalhos criativos."
(Wikipedia)
Isto não equivale, de facto, a colocar a fasquia
demasiado alto (o mau e o medíocre não são dignos do nome de arte soviética),
mas, pelo contrário, a colocá-la demasiado baixo (tudo o que se fizer em nome
da arte soviética não pode deixar de ser, pelo menos, bom).
Se Idanov não era um charlatão (mais requintado do que os
que o rodeavam), apenas desejoso de agradar ao poder para os seus ambiciosos
fins, então era um crente na "superioridade" automática do "homo
sovieticus", o que não é muito diferente da teoria do arianismo.
Inclino-me mais para a primeira hipótese porque o seu
tempo não era um tempo de ilusões, e a inteligência, do lado do poder, só podia
exercer-se com cinismo.
Onde domina o bezerro de oiro, nem sempre se compreende
que se prefira o poder à fortuna (que, na realidade, andam normalmente
associados). O facto de, no Ocidente, os políticos saírem mais ricos do que
entraram basta para que suspeitemos do seu idealismo. Mas o nosso ditador não
enriqueceu, e na URSS, à falta de poder
ostentá-la, quem quereria (se o conseguisse) ter a fortuna dum Abramovitch?
As grandes desigualdades eram as do poder (sem prejuízo
de se confrontarem o luxo relativo e a miséria absoluta), mas aí foram tais
como nunca se tinham visto antes, racionais e organizadas, ou não fosse a
burocracia o mais racional dos sistemas.
O fenómeno Idanov (como o do célebre Lysenko) só foi
possível graças a uma extrema centralização sem controlo. Num sistema desses,
os disparates chegam tão longe e tão depressa quanto uma boa ideia.
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